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segunda-feira, 19 de junho de 2017

Defeitos e Transformação



Defeitos e Transformação

Por

Adilson Routh

Leitura Gn 34 a 38
2. Disse, pois, Jacó aos de sua casa e a todos os que estavam com ele: "Livrem-se dos deuses estrangeiros que estão entre vocês, purifiquem-se e troquem de roupa.
3. Venham! Vamos subir a Betel, onde farei um altar ao Deus que me ouviu no dia da minha angústia e que tem estado comigo por onde tenho andado". Gn 35.2 e 3

Após a reconciliação de Jacó com Esaú, os relatos registrados sobre a família de Jacó atestam que não basta à circuncisão, nem as promessas de Deus para mudar o coração dos que só ouviram falar de Deus, pois é necessário um encontro pessoal com Ele, um quebrantamento íntimo e uma decisão em segui-lo.
Esses relatos nos mostram os defeitos de uma família que estava em formação na sua busca de servir a Deus. Uma filha imprudente que resolve ir a uma cidade estranha e é violada; a tentativa de aparentamento de uma nação que não servia ao Senhor; o plano de exterminar toda uma cidade por meio da circuncisão; a morte e destruição de uma cidade toda pelo desejo de vingança; a presença de deuses estranhos entre os que deveriam servir somente ao Senhor; a tragédia da perda de Débora e Raquel; e o adultério entre uma concubina de Jacó e seu filho Rúbem; os filhos de Bila e Zilpa que eram constantemente denunciados por José a Jacó por mau comportamento; a inveja latente nos irmãos de José, pelos sonhos que tinha e por ser preferido de seu Pai; o plano perverso de mata-lo e joga-lo no poço; a mudança no plano em vendê-lo como escravo aos ismaelitas; a crueldade em esconder a verdade de Jacó fazendo-o sofrer amargamente; Judá que sai para morar com um pagão e toma de suas filhas para casar-se; seu filho Er que por ter um comportamento maligno é morto pelo Senhor; o irmão Onã que se recusa a suscitar a descendência de Er e também é morto; a quebra da promessa de Judá em cumprir o Levirado, não dando o filho mais novo, Selá,  para se casar com Tamar; a relação que Judá tem com Tamar pensado ser ela uma prostituta, gerou uma gravidez na própria nora.
Apesar de Israel ter aprendido a amar e a servir a Deus, seus filhos ainda tinham um coração distanciado dEle, e a história mostraria que eles também precisariam ser quebrantados até que o caráter e a fé de Abraão fossem parte da vida deles.Contudo percebemos a tolerância de Deus em aguardar que essa transformação acontecesse, assim continuava a proteger-lhes e a guia-los, pois havia um plano maior para eles, se transformarem nos mensageiros de graça e da glória de Deus a todas as nações. A transformação é um processo doloroso para o coração resistente, sendo necessária uma boa dose de sofrimento até que esse se renda, sofrimento esse causado pela própria dureza que está nele contida, mas Deus que é cheio de misericórdia e graça sabe a maneira e o tempo certos para tratá-lo, com um remédio intenso e profundo, seu amor que o constrange a segui-lo e  a ama-lo voluntariamente, rendendo-se a Ele.
Assim também é nossa jornada pela vida, nosso pacto na cruz com Deus nos habilita a trilharmos um longo caminho de transformação, onde nossos defeitos e reações humanas mancham nosso histórico até que Cristo seja formado em nós, e nos constrange constantemente a destruirmos os ídolos estranhos que carregamos conosco, assim a santificação é parte do processo de retomarmos nossa caminhada de transformação, pois se não o fizermos todo tipo de desgraças podem ocorrer conosco, do genocídio sanguinário ao adultério vergonhoso, mas se nos deixarmos ser tomados pela graça preciosa da cruz, podemos colher em nossa caminhada honra e glória para nosso Deus, nos tornando livros vivos que podem ser lidos por todo homem que tenha sede de Deus.
Considere:
1.     Uma autoanálise das atitudes incoerentes que possa existir em você.
2.  Um momento de entregar a Deus essas falhas de caráter para que haja transformação.

3. Ser paciente e ajudador dos que ainda não chegaram a transformação necessária.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Quebrantamento e Reconciliação


Quebrantamento e Reconciliação

Por

Adilson  Routh

Leitura Gn 32 a 33

“Ele mesmo passou à frente e, ao aproximar-se do seu irmão, curvou-se até o chão sete vezes.4 Mas Esaú correu ao encontro de Jacó e abraçou-se ao seu pescoço, e o beijou. E eles choraram.” Gn 334

         O caminho de volta à terra de Canaã foi repleta de experiências espirituais para Jacó. O homem que saiu fugido de sua casa, sem nada, agora retornava com muitos bens, contudo as maiores riquezas que trazia,  foram suas experiências com Deus e a transformação de seu caráter. Após se despedir de Labão seu sogro e ao chegar em Maanaim teve um surpreendente encontro com Anjos de Deus, nada é relatado da conversa que tiveram, mas Jacó saiu dali decidido a se reconciliar com seu irmão Esaú que o havia jurado de morte. Com isso em mente, Jacó envia mensageiros a Esaú informando de que ele estava retornando com muitos bens, ou seja, ele não estava voltando para reivindicar a herança material de seu pai Isaque, e os ricos presentes que enviou era prova disso, contudo Esaú sai-lhe ao encontro ao ouvir que Jacó retornava e leva com sigo quatrocentos homens, a memória que Esaú tinha de seu irmão Jacó, era de um jovem ambicioso e trapaceiro e precisava resolver o passado de sua maneira. Os homens que foram enviados por Jacó, voltam e informam-lhe de que seu irmão Esaú vinha a seu encontro com quatrocentos homens, isso lhe obrigou a orar, e percebemos em suas palavras que o jovem impetuoso que saiu de sua casa, agora retornava como um homem humilde e quebrantado que buscava na dependência e nas promessas de Deus força para continuar com seu propósito de reconciliação: “sou indigno de todas as misericórdias e de toda a fidelidade que tens usado para com teu servo...” (Gn 32.10)”Como disseste: Certamente te farei bem” (Gn 32.12). Desse tempo de oração nasce uma estratégia para encontrar-se com Esaú, separou ricos presentes de seu rebanho, separa-os em bandos, ordena sua família em grupos menores a começar das servas e seus filhos, depois Lia e seus filhos e por último Raquel e seu filho José. Todos esses tinham um discurso de submissão e humildade pronto, refletindo o quebrantamento que acompanhava a comitiva. Na noite que antecedeu o encontro com Esaú, Jacó teve outra experiência poderosa com Deus, no vau de Jaboque ele passa a lutar com um homem, não há detalhes de tudo que ocorreu nessa luta, mas parece que Jacó lutava com tal homem para que esse o abençoasse, pois percebeu que não se tratava de um homem comum, mas sim de uma teofania, ou seja, uma manifestação de Deus, assim insistia para receber uma bênção, e foi aí então que seu nome foi mudado de Jacó, “aquele que segura o calcanhar”, para Israel, “príncipe de Deus”, o que se constituiu em uma profecia da missão patriarcal que ele teria na nação que passou-se a chamar Israel até os dias de hoje. Nesse encontro não só seu coração foi quebrantado, como seu excelente preparo físico foi comprometido, pois o tendão de sua coxa foi deslocado, assim não poderia mais fugir ou lutar com seu irmão, restava-lhe a reconciliação.
         No dia seguinte ao ver Esaú se aproximando, Jacó tomou a frente da comitiva, inclinou-se em sinal de submissão e humilhação, como atitude respeitosa para com seu irmão, assim diante das evidências Esaú creu que Jacó voltara diferente, e a dor do tempo em que nutriu o desejo de vingança foi resolvida num abraço emocionado, ambos choraram, ali estava acontecendo um milagre de Deus, a restauração do coração de ambos, pois houve quebrantamento, para reconstruir um coração primeiramente Deus precisa quebra-lo de todo seu orgulho e maldade, para só então refazê-lo diferente e curado. A cena dos dois irmãos se abraçando e chorando é o desfecho de um grande tratamento de Deus na vida de ambos, que começou quando Jacó fugiu para Padã-Arã, assim vemos que o processo de quebrantamento pode durar anos, depende de quão duro é o coração a ser tratado, e o resultado do quebrantamento é reconciliação, é o que observamos quando Esaú aceita os presentes de Jacó e o deixa se estabelecer em paz na terra de Canaã.
         Reconciliações genuínas só são possíveis mediante o quebrantamento que vem da parte de Deus, tentar fazê-las sem esse elemento, trará pseudas reconciliações e os resultados serão paliativos que não podem calar a dor dos corações envolvidos. A maioria de nós tem problemas de relacionamentos não resolvidos de forma adequada no passado e não sabemos lidar com isso, criamos uma série de desculpas para não acertamos essa questão por não saber como fazê-lo, mas creio que aqui temos princípios para nos ajudar.
         Tudo começa com a reconstrução de nosso próprio coração, e isso só é possível ao andarmos com Deus, na verdade o nosso primeiro foco deve ser a nós mesmos, uma autoanálise profunda de nossas dores e entrega-las a Deus, e nessa dinâmica teremos as experiências com Deus necessárias para nos quebrantar, o resultado disso é que seremos revestidos da humildade. A humildade permitirá medirmos com sabedoria nossas palavras e atitudes, abrindo assim a possibilidade, do ofensor ou ofendido, também se quebrantar. O quebrantamento é uma ação sobrenatural sobre  o coração humano que elimina os argumentos lógicos e a justiça própria e o enche de arrependimento, compaixão e misericórdia para com a pessoa que necessita da reconciliação, aceitando-a independentemente do que fez, e o resultado disso é a paz, tanto dentro do coração quanto entre os envolvidos. Aqueles que amam a Deus, que o conhecem e querem ser-lhes agradáveis não poderão descansar enquanto as sobras de seu coração não forem removidas pelo quebrantamento e a reconciliação, só então esses repousarão tranquilos, mesmo que seja necessário dar ao ofendido ricos presentes.

Considere:

1.     Uma análise pessoal para identificar pessoas com as quais haja alguma questão não resolvida.
2.     Passe um tempo na presença de Deus, ore e abra seu coração a Ele.
3.     Trace uma estratégia, meça suas palavras, as escreva se necessário, se encha de humildade e tente a reconciliação.

sábado, 3 de junho de 2017

Injustiça e Bênção


Injustiça e Bênção

Por

Adilson  Routh

12 Então ele disse: “Olhe e veja que todos os machos que fecundam o rebanho têm listras, são salpicados e malhados, porque tenho visto tudo o que Labão lhe fez. Gn 31.12

Após a experiência transformadora em Betel, Jacó chega à região de Padã-Arã na ocasião em que os pastores davam a beber a seus rebanhos, ali eles aguardavam que todos chegassem para só então remover a pedra da boca do poço e dessedentar os animais. Enquanto observava o movimento em torno do poço, Jacó inquiriu aos pastores sobre a família de seu tio Labão, e descobre que todos estavam bem e que sua prima Raquel estava chegando com seu rebanho, então ele adiantou-se e removeu a pedra da boca do poço e deu a beber ao rebanho dela, identificou-se como seu primo e emocionado a beijou e chorou. A notícia logo chega a Labão que vem ao seu encontro e o acolhe em sua casa, e por um mês Jacó fica com a família de seu tio o ajudando com seus rebanhos. Passado esse tempo, Jacó descobriria que o acolhimento de Labão se transformaria num jogo de trapaças onde Deus o protegeria de todas elas. Tudo começa quando Labão pede para Jacó estipular um pagamento para seu serviço de pastor, esse por amar a Raquel, oferece-lhe sete anos de trabalho pela mão de sua filha. Ao findar os sete anos de trabalhos, que Jacó prestou a Labão, era tempo de receber a Raquel por mulher, contudo, após a festa do casamento, Labão entrega a Lia por mulher a Jacó, sendo costume os noivos só se verem após o ato conjugal, pois eram apresentados um ao outro a noite e em uma tenda escura, Jacó é surpreendido no dia seguinte quando vê que não lhe foi dado Raquel e sim Lia por mulher, apesar de seus protestos Jacó teve que servir a Labão por mais sete anos, para que só então, recebesse a Raquel por mulher, sendo que essa a amava isso pareceu-lhe poucos dias. Como era costume, juntamente com as esposas  suas servas iam juntas para a casa do esposo, assim, tanto Lia levou sua serva Zilpa, como Raquel sua serva Bila, essas quatro mulheres deram origem às doze tribos de Israel, pois na dificuldade de terem mais filhos, tanto Raquel como Lia entregaram suas servas a Jacó para serem mães por meio dessas.

As trapaças continuaram por parte de Labão, pois após o pagamento pelas duas filhas, Jacó estabeleceu em acordo com Labão seu pagamento pelo serviço prestado como pastor: a posse das ovelhas salpicadas, malhadas e negras do rebanho, que seriam mais raras de nascer, mas no mesmo dia do acordo, Labão separou tais ovelhas do rebanho e enviou a seus filhos a três dias de viagem. Na medida em que iam nascendo ovelhas com essas características, Labão mudava o acordo, contudo Deus sempre intervinha e fazia com que nascessem as ovelhas fortes com as características do novo acordo, de modo que por dez vezes Labão mudou o pagamento de Jacó, contudo, apesar disso em seis anos ele se tornou rico pela quantidade de rebanhos que adquiriu. Até que a inveja de Labão e seus filhos o obrigou a fugir de volta a terra de seu Pai Isaque, orientado pelo Senhor o fez, saindo as escondidas com tudo que possuía, partiu para a terra de Canaã, até que após três dias Labão descobriu e foi-lhe ao encalço, mas o próprio Senhor em sonho falou a Labão que não falasse nada contra Jacó. Com isso em mente Labão encontra a Jacó nas montanhas de Gileade, e apesar de querer tomar tudo que tinha, foi obrigado a ouvir de seu próprio comportamento trapaceiro sem reagir, pois estava com medo do Senhor. A bênção de Deus sobre a vida de Jacó era tão clara, que Labão quis que houvesse uma aliança entre ele e Jacó, assim ergueram uma coluna de pedras como memorial em Gileade, assim Jacó pôde retornar em paz para a terra de seu pai.
Os anos passados em Padã-Arã foram tempos para fortalecimento da fé de Jacó, pois ao sofrer injustiças viu o livramento do Senhor de todas elas, ao ponto delas se reverterem em bênçãos. As trapaças que se seguiram foram o instrumento de Deus para que Jacó  adquirisse sabedoria para lidar com  situações difíceis, para aplacar seu próprio coração altivo, para aprender a humildade de confiar na intervenção de Deus, para buscar em Deus o consolo para o sentimento de ser desrespeitado, para confiar na justiça que vem de Deus e não na sua própria. Assim as injustiças se tornaram bênçãos nas mãos de Deus, o próprio casamento com Lia, que aparentemente não deveria ter acontecido, trouxe a existência a descendência de Davi e do próprio Cristo. Assim as injustiças sofridas não são necessariamente ruins para os que confiam em Deus, para os que de apesar delas, mantém sua dignidade de fazer o certo, de não retribuir com mais injustiça, antes sabem que o Senhor as vê e as retribuirão, pois Ele é Senhor em reverter processos injustos para abençoar seus filhos, de modo que o próprio caráter desses é moldado durante esse duro processo, na medida em que se submetem a soberania e aos cuidados de Deus, nunca desistindo de obedecê-lo e ama-lo, assim a bênção tanto do livramento como da transformação de caráter lhe é assegurada.


Considere:

1.     As injustiças como ferramentas de Deus para tratar nosso elevado grau de orgulho próprio.
2.     Submeta-se ao amor de Deus e a sua justiça, abandone seu próprio conceito de dignidade, confie na dignidade de Cristo somente.

3.     Ao procurar ser justo em seus atos, confie somente na justiça de Cristo encontrada na Cruz, renda-se a ela.