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quarta-feira, 7 de junho de 2017

Quebrantamento e Reconciliação


Quebrantamento e Reconciliação

Por

Adilson  Routh

Leitura Gn 32 a 33

“Ele mesmo passou à frente e, ao aproximar-se do seu irmão, curvou-se até o chão sete vezes.4 Mas Esaú correu ao encontro de Jacó e abraçou-se ao seu pescoço, e o beijou. E eles choraram.” Gn 334

         O caminho de volta à terra de Canaã foi repleta de experiências espirituais para Jacó. O homem que saiu fugido de sua casa, sem nada, agora retornava com muitos bens, contudo as maiores riquezas que trazia,  foram suas experiências com Deus e a transformação de seu caráter. Após se despedir de Labão seu sogro e ao chegar em Maanaim teve um surpreendente encontro com Anjos de Deus, nada é relatado da conversa que tiveram, mas Jacó saiu dali decidido a se reconciliar com seu irmão Esaú que o havia jurado de morte. Com isso em mente, Jacó envia mensageiros a Esaú informando de que ele estava retornando com muitos bens, ou seja, ele não estava voltando para reivindicar a herança material de seu pai Isaque, e os ricos presentes que enviou era prova disso, contudo Esaú sai-lhe ao encontro ao ouvir que Jacó retornava e leva com sigo quatrocentos homens, a memória que Esaú tinha de seu irmão Jacó, era de um jovem ambicioso e trapaceiro e precisava resolver o passado de sua maneira. Os homens que foram enviados por Jacó, voltam e informam-lhe de que seu irmão Esaú vinha a seu encontro com quatrocentos homens, isso lhe obrigou a orar, e percebemos em suas palavras que o jovem impetuoso que saiu de sua casa, agora retornava como um homem humilde e quebrantado que buscava na dependência e nas promessas de Deus força para continuar com seu propósito de reconciliação: “sou indigno de todas as misericórdias e de toda a fidelidade que tens usado para com teu servo...” (Gn 32.10)”Como disseste: Certamente te farei bem” (Gn 32.12). Desse tempo de oração nasce uma estratégia para encontrar-se com Esaú, separou ricos presentes de seu rebanho, separa-os em bandos, ordena sua família em grupos menores a começar das servas e seus filhos, depois Lia e seus filhos e por último Raquel e seu filho José. Todos esses tinham um discurso de submissão e humildade pronto, refletindo o quebrantamento que acompanhava a comitiva. Na noite que antecedeu o encontro com Esaú, Jacó teve outra experiência poderosa com Deus, no vau de Jaboque ele passa a lutar com um homem, não há detalhes de tudo que ocorreu nessa luta, mas parece que Jacó lutava com tal homem para que esse o abençoasse, pois percebeu que não se tratava de um homem comum, mas sim de uma teofania, ou seja, uma manifestação de Deus, assim insistia para receber uma bênção, e foi aí então que seu nome foi mudado de Jacó, “aquele que segura o calcanhar”, para Israel, “príncipe de Deus”, o que se constituiu em uma profecia da missão patriarcal que ele teria na nação que passou-se a chamar Israel até os dias de hoje. Nesse encontro não só seu coração foi quebrantado, como seu excelente preparo físico foi comprometido, pois o tendão de sua coxa foi deslocado, assim não poderia mais fugir ou lutar com seu irmão, restava-lhe a reconciliação.
         No dia seguinte ao ver Esaú se aproximando, Jacó tomou a frente da comitiva, inclinou-se em sinal de submissão e humilhação, como atitude respeitosa para com seu irmão, assim diante das evidências Esaú creu que Jacó voltara diferente, e a dor do tempo em que nutriu o desejo de vingança foi resolvida num abraço emocionado, ambos choraram, ali estava acontecendo um milagre de Deus, a restauração do coração de ambos, pois houve quebrantamento, para reconstruir um coração primeiramente Deus precisa quebra-lo de todo seu orgulho e maldade, para só então refazê-lo diferente e curado. A cena dos dois irmãos se abraçando e chorando é o desfecho de um grande tratamento de Deus na vida de ambos, que começou quando Jacó fugiu para Padã-Arã, assim vemos que o processo de quebrantamento pode durar anos, depende de quão duro é o coração a ser tratado, e o resultado do quebrantamento é reconciliação, é o que observamos quando Esaú aceita os presentes de Jacó e o deixa se estabelecer em paz na terra de Canaã.
         Reconciliações genuínas só são possíveis mediante o quebrantamento que vem da parte de Deus, tentar fazê-las sem esse elemento, trará pseudas reconciliações e os resultados serão paliativos que não podem calar a dor dos corações envolvidos. A maioria de nós tem problemas de relacionamentos não resolvidos de forma adequada no passado e não sabemos lidar com isso, criamos uma série de desculpas para não acertamos essa questão por não saber como fazê-lo, mas creio que aqui temos princípios para nos ajudar.
         Tudo começa com a reconstrução de nosso próprio coração, e isso só é possível ao andarmos com Deus, na verdade o nosso primeiro foco deve ser a nós mesmos, uma autoanálise profunda de nossas dores e entrega-las a Deus, e nessa dinâmica teremos as experiências com Deus necessárias para nos quebrantar, o resultado disso é que seremos revestidos da humildade. A humildade permitirá medirmos com sabedoria nossas palavras e atitudes, abrindo assim a possibilidade, do ofensor ou ofendido, também se quebrantar. O quebrantamento é uma ação sobrenatural sobre  o coração humano que elimina os argumentos lógicos e a justiça própria e o enche de arrependimento, compaixão e misericórdia para com a pessoa que necessita da reconciliação, aceitando-a independentemente do que fez, e o resultado disso é a paz, tanto dentro do coração quanto entre os envolvidos. Aqueles que amam a Deus, que o conhecem e querem ser-lhes agradáveis não poderão descansar enquanto as sobras de seu coração não forem removidas pelo quebrantamento e a reconciliação, só então esses repousarão tranquilos, mesmo que seja necessário dar ao ofendido ricos presentes.

Considere:

1.     Uma análise pessoal para identificar pessoas com as quais haja alguma questão não resolvida.
2.     Passe um tempo na presença de Deus, ore e abra seu coração a Ele.
3.     Trace uma estratégia, meça suas palavras, as escreva se necessário, se encha de humildade e tente a reconciliação.

2 comentários:

  1. Parabéns pastor mais um texto com uma rica sensibilidade espiritual e emocional sentir a benção de Deus as palavras

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  2. Obrigado pelo incentivo constante!! Deus o abençoe!!

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