Quebrantamento e
Reconciliação
Por
Adilson Routh
Leitura Gn 32 a 33
“Ele mesmo passou
à frente e, ao aproximar-se do seu irmão, curvou-se até o chão sete vezes.4 Mas Esaú correu ao encontro de
Jacó e abraçou-se ao seu pescoço, e o beijou. E eles choraram.” Gn 334
O
caminho de volta à terra de Canaã foi repleta de experiências espirituais para
Jacó. O homem que saiu fugido de sua casa, sem nada, agora retornava com muitos
bens, contudo as maiores riquezas que trazia, foram suas experiências com Deus e a
transformação de seu caráter. Após se despedir de Labão seu sogro e ao chegar
em Maanaim teve um surpreendente encontro com Anjos de Deus, nada é relatado da
conversa que tiveram, mas Jacó saiu dali decidido a se reconciliar com seu
irmão Esaú que o havia jurado de morte. Com isso em mente, Jacó envia
mensageiros a Esaú informando de que ele estava retornando com muitos bens, ou
seja, ele não estava voltando para reivindicar a herança material de seu pai
Isaque, e os ricos presentes que enviou era prova disso, contudo Esaú sai-lhe
ao encontro ao ouvir que Jacó retornava e leva com sigo quatrocentos homens, a
memória que Esaú tinha de seu irmão Jacó, era de um jovem ambicioso e
trapaceiro e precisava resolver o passado de sua maneira. Os homens que foram
enviados por Jacó, voltam e informam-lhe de que seu irmão Esaú vinha a seu
encontro com quatrocentos homens, isso lhe obrigou a orar, e percebemos em suas
palavras que o jovem impetuoso que saiu de sua casa, agora retornava como um
homem humilde e quebrantado que buscava na dependência e nas promessas de Deus
força para continuar com seu propósito de reconciliação: “sou indigno de todas as misericórdias e de toda a fidelidade que tens
usado para com teu servo...” (Gn 32.10)”Como disseste: Certamente te farei bem”
(Gn 32.12). Desse tempo de oração nasce uma estratégia para encontrar-se
com Esaú, separou ricos presentes de seu rebanho, separa-os em bandos, ordena
sua família em grupos menores a começar das servas e seus filhos, depois Lia e
seus filhos e por último Raquel e seu filho José. Todos esses tinham um
discurso de submissão e humildade pronto, refletindo o quebrantamento que
acompanhava a comitiva. Na noite que antecedeu o encontro com Esaú, Jacó teve
outra experiência poderosa com Deus, no vau de Jaboque ele passa a lutar com um
homem, não há detalhes de tudo que ocorreu nessa luta, mas parece que Jacó
lutava com tal homem para que esse o abençoasse, pois percebeu que não se
tratava de um homem comum, mas sim de uma teofania, ou seja, uma manifestação
de Deus, assim insistia para receber uma bênção, e foi aí então que seu nome
foi mudado de Jacó, “aquele que segura o calcanhar”, para Israel, “príncipe de
Deus”, o que se constituiu em uma profecia da missão patriarcal que ele teria
na nação que passou-se a chamar Israel até os dias de hoje. Nesse encontro não
só seu coração foi quebrantado, como seu excelente preparo físico foi
comprometido, pois o tendão de sua coxa foi deslocado, assim não poderia mais
fugir ou lutar com seu irmão, restava-lhe a reconciliação.
No
dia seguinte ao ver Esaú se aproximando, Jacó tomou a frente da comitiva,
inclinou-se em sinal de submissão e humilhação, como atitude respeitosa para
com seu irmão, assim diante das evidências Esaú creu que Jacó voltara
diferente, e a dor do tempo em que nutriu o desejo de vingança foi resolvida
num abraço emocionado, ambos choraram, ali estava acontecendo um milagre de
Deus, a restauração do coração de ambos, pois houve quebrantamento, para
reconstruir um coração primeiramente Deus precisa quebra-lo de todo seu orgulho
e maldade, para só então refazê-lo diferente e curado. A cena dos dois irmãos
se abraçando e chorando é o desfecho de um grande tratamento de Deus na vida de
ambos, que começou quando Jacó fugiu para Padã-Arã, assim vemos que o processo
de quebrantamento pode durar anos, depende de quão duro é o coração a ser tratado,
e o resultado do quebrantamento é reconciliação, é o que observamos quando Esaú
aceita os presentes de Jacó e o deixa se estabelecer em paz na terra de Canaã.
Reconciliações genuínas só
são possíveis mediante o quebrantamento que vem da parte de Deus, tentar
fazê-las sem esse elemento, trará pseudas reconciliações e os resultados serão
paliativos que não podem calar a dor dos corações envolvidos. A maioria de nós
tem problemas de relacionamentos não resolvidos de forma adequada no passado e
não sabemos lidar com isso, criamos uma série de desculpas para não acertamos
essa questão por não saber como fazê-lo, mas creio que aqui temos princípios
para nos ajudar.
Tudo começa com a
reconstrução de nosso próprio coração, e isso só é possível ao andarmos com
Deus, na verdade o nosso primeiro foco deve ser a nós mesmos, uma autoanálise
profunda de nossas dores e entrega-las a Deus, e nessa dinâmica teremos as
experiências com Deus necessárias para nos quebrantar, o resultado disso é que
seremos revestidos da humildade. A humildade permitirá medirmos com sabedoria
nossas palavras e atitudes, abrindo assim a possibilidade, do ofensor ou
ofendido, também se quebrantar. O quebrantamento é uma ação sobrenatural
sobre o coração humano que elimina os
argumentos lógicos e a justiça própria e o enche de arrependimento, compaixão e
misericórdia para com a pessoa que necessita da reconciliação, aceitando-a independentemente
do que fez, e o resultado disso é a paz, tanto dentro do coração quanto entre
os envolvidos. Aqueles que amam a Deus, que o conhecem e querem ser-lhes
agradáveis não poderão descansar enquanto as sobras de seu coração não forem
removidas pelo quebrantamento e a reconciliação, só então esses repousarão
tranquilos, mesmo que seja necessário dar ao ofendido ricos presentes.
Considere:
1.
Uma análise pessoal para identificar pessoas com as quais haja alguma
questão não resolvida.
2.
Passe um tempo na presença de Deus, ore e abra seu coração a Ele.
3.
Trace uma estratégia, meça suas palavras, as escreva se necessário, se
encha de humildade e tente a reconciliação.
Parabéns pastor mais um texto com uma rica sensibilidade espiritual e emocional sentir a benção de Deus as palavras
ResponderExcluirObrigado pelo incentivo constante!! Deus o abençoe!!
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