Perdoar é Preciso.
Por
Adilson G. Routh
Leitura Gn 42 a 45
3 Disse, então, José a seus irmãos:
Eu sou José; vive ainda meu pai? E seus irmãos não lhe puderam responder, pois
estavam pasmados diante dele.
4 José disse mais
a seus irmãos: Chegai-vos a mim, peço-vos. E eles se chegaram. Então ele
prosseguiu: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito.
5 Agora, pois, não vos
entristeçais, nem vos aborreçais por me haverdes vendido para cá; porque para
preservar vida é que Deus me enviou adiante de vós” (Gn 45. 3 a 5)
A fome que se alastrou por todo o mundo não
demorou a chegar até a família de Jacó, este ainda amargava a perda de José
quando essas coisas aconteceram, apesar de ter se passado mais de vinte anos as
consciências dos irmãos de José ainda os acusavam, e agora era o tempo
preparado por Deus para que esse passado fosse acertado. A fome assolava a
terra e Jacó soube que só no Egito havia mantimento, como acabara suas reservas
se viu obrigado a enviar seus filhos para o Egito sem imaginar que essa viagem
mudaria o curso de toda nação que estava em formação. O passado de ódio,
mentiras e traições ainda assombrava a mente da família de Jacó, era evidente
de que os filhos de Jacó com exceção de José, ainda não possuíam um caráter
transformado pela fé em Deus, os planos da aliança de Deus com Abraão de fazer
dele e de sua família uma bênção para todo o mundo não estava encontrando eco
nos filhos de Jacó, e Deus trataria desses corações endurecidos. Pela necessidade
de trigo, Jacó enviou ao Egito dez dos filhos com exceção de Benjamim, estes
foram juntamente com outros moradores de Canaã que também se dirigiram ao Egito
para comprar mantimento. Ao chegarem ao Egito tiveram que se dirigir a José que
governava todo Egito e se encarregava de vender a todos os povos que vinham
para comprar, sem o reconhecerem se prostraram diante dele, conforme o sonho de
José de quando esse era ainda um adolescente. Porém José os reconheceu e passou
a tratar-lhe com aspereza acusando-os de serem espiões, isso os levou a falar
de sua família de seu Pai Jacó e de seu irmão Benjamim que ficara em Canaã,
alegando honestidade afirmavam que vieram somente comprarem mantimentos,
contudo José os encarcerou por três dias exigindo prova da veracidade da
história que contavam, e a vinda de Benjamim seria a prova cabal dos fatos. Nos
três dias de encarceramento eles começaram a perceber que o que estava
acontecendo com eles era resultado da forma como trataram a José, como
ignoraram a angústia e os pedidos dele por sua vida quando o jogaram na
cisterna, sem darem conta de que o próprio José os ouvia e os entendia perfeitamente,
ao ponto de ser tomado por profunda emoção. Depois de recompor-se José mandou
que acorrentasse a Simeão e que os demais fossem buscar o irmão caçula Benjamim
na terra de Canaã, fazendo-os fiadores da vida de Simeão. Antes de partirem
José ordenou que além de abastecerem com muitos mantimentos, também devolvessem
a prata que pagaram pelos mantimentos, e assim os servos o fizeram, colocando
na boca do saco de cada um deles a prata que haviam pago. Ao pernoitarem, um
deles ao abrir o saco que continha forragem encontrou sua prata, e isso trouxe
temor sobre eles todos. Ao chegaram a Canaã, descobriram que toda prata se
encontrava em cada saco, causando mais temor tanto neles como em Jacó. Ao entender
os pormenores do acordo que fizeram com José, Jacó relutou em permitir que
Benjamin fosse levado ao Egito, porém depois da intercessão de Judá, e por ter
acabado o mantimento que haviam comprado este permitiu que eles voltassem ao Egito
com Benjamim. Tudo isso resultou em uma profunda reflexão nos corações dos
irmãos de José, pois até aquele momento permanecia a mentira que contaram a seu
pai gerando-lhe profunda angústia, seus próprios corações os acusavam de todo
mal que causaram a José, e suas consciências os levavam a entender que aquilo
era a mão de Deus contra eles por causa do mal que causaram. Nessa caminhada
rumo ao Egito foram considerando a necessidade da proteção e graça de Deus
sobre suas vidas, eles que eram homens com coração homicida, agora eram levados
a repensarem suas vidas. Com a instrução de Jacó, eles levaram presentes e o
dobro da prata que havia sido colocada nos sacos, e ao chegarem apresentaram a
Benjamim, tentaram devolver a prata posta nos sacos, porém o administrador não
quis a receber de volta, Simeão foi liberto e eles foram convidados para
almoçar no palácio com José. No almoço todos se prostraram ante José, eles
entregaram os presentes que trouxeram de Canaã, ao ver a Benjamim José foi
tomado pela emoção ao ponto de sair às pressas para chorar, porém após
recompor-se voltou e pediu para que sirva o alimento, comeram e celebraram o
assunto que foi resolvido. Ao prepararem a bagagem para retornarem a Canaã,
José orientou ao administrador que além do mantimento, também devolvesse a
prata com que o compraram, e que no saco de Benjamim fosse colocada também sua
taça, e assim os despediram para voltar à casa de seu pai. Mal haviam saído da
cidade, José pediu para intercepta-los e questiona-los sobre o furto da taça, eles
depois de negarem o fato se ofereceram como escravos caso a taça fosse
encontrada na bagagem de alguém, e após minuciosa inspeção a taça foi
encontrada no saco de mantimentos de Benjamim, obrigando-os a voltar até a
presença de José. Diante da fragrante, José estipula a pena de escravidão sobre
Benjamim, levando todos a pasmarem, contudo Judá passou a interceder por ele,
se colocando como escravo no lugar de Benjamim, alegando que não poderia dar a seu
Pai Jacó outro desgosto pela perda de seu filho caçula, isso foi suficiente
para que José não se contesse mais, pedindo para que todo egípcio saísse de sua
presença, revelou-se a seus irmãos em pranto, ao ponto de o ouvirem fora do
palácio. Perplexos seus irmãos emudeceram, mas ele tendo em mente a soberana
condução de Deus sobre sua vida, os tranquilizou e lhes estendeu o perdão de
forma unilateral, afirmando que ele entendia que Deus o levou para o Egito para
salvar vidas, e que apesar da maldade dos corações de seus irmãos, eles se
tornaram instrumentos disso. Assim todos choraram e celebraram a reconciliação
que somente o perdão pode oferecer, magoas profundas foram curadas, sombras do
coração foram removidas, dores internas foram tratadas e houve paz, tanto para
o ferido como para os agressores.
Toda beleza dessa história só foi possível devido a um coração com
entendimento espiritual, de que, O Senhor está por traz da nossa história, ele
governa o universo e até mesmo os menores detalhes da vida. Isso preparou seu
coração para o nobre ato o perdão. Ele perdoou quem o traiu e perdoou sua
própria tragédia; o perdão o capacitou a não ser refém da
autocomiseração, mas o elevou a nobreza dos grandes, o fruto desse perdão foi
reconciliação e prosperidade para si e para os agressores, possibilitando que a
história de uma família fosse reescrita, não mais com ódio e inveja, mas com
amor e bondade. O perdão também possibilitou que seus irmãos reconsiderassem
suas atitudes e a dureza do próprio coração se voltando para Deus, recolocando
suas vidas rumo ao objetivo da aliança com Deus, de serem bênção a todas as
nações.
Como uma força esmagadora o perdão transforma tragédia em banquete, laços
rompidos em aliança eterna, corações destroçados em festa de louvor. O perdão é
a grandeza vista em pequenos homens dispostos a refletirem as virtudes do Deus
que os criou, que enxerga o agressor como vítima de sua própria maldade, e lhe
assegura um lugar à mesa junto aos que antes lhes eram repulsivos, para que experimente
do amor de Deus, e os coloquem novamente no rumo de glorifica-lo.
Considere:
1.
Em sua família terrena há alguém que o feriu de maneira que você ainda
sofra com tais memórias?
2.
Existem outras pessoas que você poderia alistar que se encaixam na
categoria de agressores em relação a você?
3. Escreva os nomes em
um caderno, ore por eles, perdoe-os e estabeleça uma data para reencontra-los e
expressar reconciliação.
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