Injustiça e Bênção
Por
Adilson Routh
12 Então ele disse: “Olhe e veja que
todos os machos que fecundam o rebanho têm listras, são salpicados e malhados,
porque tenho visto tudo o que Labão lhe fez. Gn 31.12
Após a experiência
transformadora em Betel, Jacó chega à região de Padã-Arã na ocasião em que os
pastores davam a beber a seus rebanhos, ali eles aguardavam que todos chegassem
para só então remover a pedra da boca do poço e dessedentar os animais. Enquanto
observava o movimento em torno do poço, Jacó inquiriu aos pastores sobre a
família de seu tio Labão, e descobre que todos estavam bem e que sua prima
Raquel estava chegando com seu rebanho, então ele adiantou-se e removeu a pedra
da boca do poço e deu a beber ao rebanho dela, identificou-se como seu primo e
emocionado a beijou e chorou. A notícia logo chega a Labão que vem ao seu
encontro e o acolhe em sua casa, e por um mês Jacó fica com a família de seu
tio o ajudando com seus rebanhos. Passado esse tempo, Jacó descobriria que o
acolhimento de Labão se transformaria num jogo de trapaças onde Deus o
protegeria de todas elas. Tudo começa quando Labão pede para Jacó estipular um
pagamento para seu serviço de pastor, esse por amar a Raquel, oferece-lhe sete
anos de trabalho pela mão de sua filha. Ao findar os sete anos de trabalhos,
que Jacó prestou a Labão, era tempo de receber a Raquel por mulher, contudo,
após a festa do casamento, Labão entrega a Lia por mulher a Jacó, sendo costume
os noivos só se verem após o ato conjugal, pois eram apresentados um ao outro a
noite e em uma tenda escura, Jacó é surpreendido no dia seguinte quando vê que
não lhe foi dado Raquel e sim Lia por mulher, apesar de seus protestos Jacó
teve que servir a Labão por mais sete anos, para que só então, recebesse a
Raquel por mulher, sendo que essa a amava isso pareceu-lhe poucos dias. Como
era costume, juntamente com as esposas
suas servas iam juntas para a casa do esposo, assim, tanto Lia levou sua
serva Zilpa, como Raquel sua serva Bila, essas quatro mulheres deram origem às
doze tribos de Israel, pois na dificuldade de terem mais filhos, tanto Raquel
como Lia entregaram suas servas a Jacó para serem mães por meio dessas.
As trapaças continuaram por
parte de Labão, pois após o pagamento pelas duas filhas, Jacó estabeleceu em
acordo com Labão seu pagamento pelo serviço prestado como pastor: a posse das
ovelhas salpicadas, malhadas e negras do rebanho, que seriam mais raras de
nascer, mas no mesmo dia do acordo, Labão separou tais ovelhas do rebanho e
enviou a seus filhos a três dias de viagem. Na medida em que iam nascendo
ovelhas com essas características, Labão mudava o acordo, contudo Deus sempre
intervinha e fazia com que nascessem as ovelhas fortes com as características do
novo acordo, de modo que por dez vezes Labão mudou o pagamento de Jacó,
contudo, apesar disso em seis anos ele se tornou rico pela quantidade de
rebanhos que adquiriu. Até que a inveja de Labão e seus filhos o obrigou a
fugir de volta a terra de seu Pai Isaque, orientado pelo Senhor o fez, saindo
as escondidas com tudo que possuía, partiu para a terra de Canaã, até que após três
dias Labão descobriu e foi-lhe ao encalço, mas o próprio Senhor em sonho falou
a Labão que não falasse nada contra Jacó. Com isso em mente Labão encontra a
Jacó nas montanhas de Gileade, e apesar de querer tomar tudo que tinha, foi
obrigado a ouvir de seu próprio comportamento trapaceiro sem reagir, pois
estava com medo do Senhor. A bênção de Deus sobre a vida de Jacó era tão clara,
que Labão quis que houvesse uma aliança entre ele e Jacó, assim ergueram uma
coluna de pedras como memorial em Gileade, assim Jacó pôde retornar em paz para
a terra de seu pai.
Os anos passados em Padã-Arã
foram tempos para fortalecimento da fé de Jacó, pois ao sofrer injustiças viu o
livramento do Senhor de todas elas, ao ponto delas se reverterem em bênçãos. As
trapaças que se seguiram foram o instrumento de Deus para que Jacó adquirisse sabedoria para lidar com situações difíceis, para aplacar seu próprio
coração altivo, para aprender a humildade de confiar na intervenção de Deus,
para buscar em Deus o consolo para o sentimento de ser desrespeitado, para
confiar na justiça que vem de Deus e não na sua própria. Assim as injustiças se
tornaram bênçãos nas mãos de Deus, o próprio casamento com Lia, que
aparentemente não deveria ter acontecido, trouxe a existência a descendência de
Davi e do próprio Cristo. Assim as injustiças sofridas não são necessariamente ruins
para os que confiam em Deus, para os que de apesar delas, mantém sua dignidade
de fazer o certo, de não retribuir com mais injustiça, antes sabem que o Senhor
as vê e as retribuirão, pois Ele é Senhor em reverter processos injustos para
abençoar seus filhos, de modo que o próprio caráter desses é moldado durante
esse duro processo, na medida em que se submetem a soberania e aos cuidados de
Deus, nunca desistindo de obedecê-lo e ama-lo, assim a bênção tanto do
livramento como da transformação de caráter lhe é assegurada.
Considere:
1. As
injustiças como ferramentas de Deus para tratar nosso elevado grau de orgulho
próprio.
2. Submeta-se
ao amor de Deus e a sua justiça, abandone seu próprio conceito de dignidade,
confie na dignidade de Cristo somente.
3.
Ao procurar ser justo em seus atos, confie somente na justiça de
Cristo encontrada na Cruz, renda-se a ela.
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