Caráter e Planos
Por
Adilson
Routh
Leitura : Gn 39 a 43
Os sonhos de José enquanto estava na
casa de seu pai Jacó traçaram seu destino rumo ao Egito, nem ele nem seus irmãos
e muito menos Jacó perceberam que se tratava de um sonho profético, os feixes
de seus irmãos que se inclinavam perante o feixe de José; o sol a lua e onze
estrelas que se inclinavam perante ele, tornaram-se fonte de inveja e ira ao
invés de gerar reflexão sobre o que viria a ser, esses somaram-se ao fato de José ser
preferido por Jacó, o que fez com que seus irmãos procurassem ocasião para por
um fim no incômodo que isso causava em seus corações. Quando Jacó pede para que
José visite seus irmãos que estavam no campo próximo a Siquém, dá a eles a
oportunidade que precisavam, após os procurar, José os encontrou em Dotã, e ali
o plano de tirar-lhe a vida foi tramado enquanto ele se aproximava,
apanharam-no e o lançaram dentro de uma cisterna vazia com o intuito de
mata-lo. Enquanto consideravam como fazê-lo avistaram uma comitiva ismaelita
que seguia rumo ao Egito, então Judá lhes propõe vender-lhe como escravo aos
ismaelitas, e assim o fizeram por vinte ciclos de prata. Ao chegar ao Egito
como escravo José foi vendido a Potifar, um alto oficial de Faraó rei do Egito,
a superpotência do mundo antigo. Não demorou em que esse percebesse não só a
competência e o caráter de José, mas também como Deus o abençoava, e por isso o
pôs por mordomo de toda a sua casa, pois tudo que fazia era bem sucedido, e até
a família e os negócios de Potifar eram abençoados por causa de José. Seu
caráter, honestidade e princípios eram regidos pelo temor de Deus, o que o
levaram a rejeitar a proposta de adultério da mulher de Potifar, que por se
sentir rejeitada o acusou de assédio, fazendo com que Potifar o colocasse no
cárcere. Mesmo no cárcere, sua conduta o destacou dos demais, ao ponto do
carcereiro o colocar como responsável pelo cuidado de todos os encarcerados que
eram pessoas que tiveram prestígio no Egito e que por algum motivo foram
encarceradas ali, entre eles se encontravam o copeiro chefe e o padeiro chefe
de Faraó. Um dia ambos tiveram sonhos, e como eram sonhos incomuns
compartilharam com José o que sonharam; primeiro o copeiro chefe relatou seu
sonho e José o interpretou de forma satisfatória, afirmando que ele seria
restituído ao antigo cargo. Motivado pela interpretação, o padeiro chefe também
relatou seu sonho, contudo a interpretação de José não foi favorável ao ele,
pois segundo a interpretação ele seria morto em três dias por Faraó. Conforme a
interpretação de José assim foram os acontecimentos. José havia pedido ao
copeiro chefe que não se esquecesse dele assim que fosse restituído ao seu
cargo, que intercedesse por ele a Faraó, porém ele não se lembrou de José de
imediato, José teve de passar mais dois anos de encarceramento até que isso
viesse a ocorrer, por todo esse tempo ele continuava nutrindo seus princípios e
valores em comunhão com Deus, e era abençoado em tudo que fazia, mesmo estando
no cárcere, esse tempo o preparou para o que viria, pois quando Faraó teve dois
sonhos, não havia quem os pudesse interpretar, em seus sonhos ele viu sete
vacas gordas e logo em seguida sete vacas magras, as magras devoravam as gordas
e nem assim se lhes mudava a aparência. No segundo sonho viu espigas cheias e
boas que nasciam de uma haste, e logo em seguida nasciam espigas mirradas que
devoravam as espigas boas. Como não havia quem interpretasse tais sonhos, o
copeiro chefe lembrou-se de José, relatou tudo sobre ele a Faraó que mandou
trazer-lhe. Os treze anos de injustiça e encarceramento os prepararam para
aquele momento, pois seu caráter, valores e fé foram talhados em seu ser
resultando em sabedoria e humildade para interpretar os fatos. Seu conceito da
soberania de Deus estava nítida como a luz do dia, pois percebeu que Deus
revelou a Faraó o que iria fazer, que ele não só sabe o futuro, mas faz com que ele aconteça da forma que lhe
aprouver. Assim desvendou que os dois sonhos de Faraó na verdade se tratava
apenas de uma revelação, de que haveria sete anos de fartura sobre toda terra
do Egito, mas que em seguida viriam outros sete anos de extrema fome. Seu
conselho foi para que se achasse alguém capaz para administrar os sete anos de
fartura para que houvesse reservas para socorro nos sete anos de fome que
viriam, pois para isso Deus revelou o que haveria de ser a Faraó. Impressionado
com a interpretação e com a sabedoria de José, Faraó o constitui como
governador do Egito, pois viu que nele repousava o Espírito de Deus. A
sabedoria com que José administrou os anos de fartura e os anos de fome o
destacaram ainda mais, pois pelas suas ações Faraó tornou-se poderosíssimo.
José é uma das personagens mais
parecidas com Cristo: Amado de seu pai, mas odiado por seus irmãos; traído,
vendido por vinte peças de prata; justo, mas injustiçado; integro, mas tido por
pecador; iniciou seu ministério de governador aos trinta anos, enviado para
salvar o mundo antigo da fome, sábio e com um coração perdoador e
misericordioso, tendo passado por todo tipo de injustiça não encontramos relato
de que tenha murmurado, antes entendia tudo como uma condução soberana de Deus
em sua vida.
Quais as chances de um menino pastor de
ovelhas, jurado de morte por seus irmãos tornar-se governador da maior potência
do mundo antigo? Aos olhos humanos nenhuma, porém vemos em José um homem
arrastado pela soberania de Deus, liberto de cada detalhe onde a morte poderia
encontrar-lhe, forjado com as mais duras provas para preparar-lhe para sua
missão. Seus valores, caráter e fé foram determinantes para que sobrevivesse e
prosperasse nessa dura jornada. Muitos se impressionam com o dom que ele possuía
de interpretar os sonhos, contudo isso era fruto de seu andar com Deus. Muitos
querem interpretar sonhos, mas poucos andam de fato com Deus, pois isso implica
na renuncia da transformação do caráter dos valores e da fé. Deus busca homens
que nutram esses elementos em suas vidas, homens cuja busca não seja apenas por
sonhos, mas principalmente por estar aptos para eles, que não apenas os
interprete, mas que sejam parte da solução para as mazelas desse mundo caído.
Homens que antes da concretização de seus projetos percebam que é necessário
que o caráter seja estabelecido, que os valores se fortaleçam e que a fé se
torne inabalável. Quem atinge seus alvos sem isso, na verdade não chegou a
lugar nenhum, fracassou mesmo pensando ter conquistado, os frutos dessa
conquista serão podres, pois não promoverão resultados eternos por não estarem
alinhados com a vontade do Senhor. Porém aqueles que amam a Deus e fazem sua
vontade, podem vencer mesmo fracassando, pois para esses se o fracasso
conduzir-lhes para perto de Deus os moldando, isso será sua mais doce vitória,
pois seu primeiro desejo é o próprio Deus, não seus planos, porém há grande
chance desses ocuparem lugar de honra em tempos difíceis, quando houver a
necessidade de buscarem homens sábios e
cheios de Deus.
Considere:
1.
Sua busca, em que você concentra sua vida?
2.
Seu sofrimento como parte de um processo de fortalecimento de caráter,
valores e fé.
3. A Deus como Senhor e companheiro dessa caminhada.
3. A Deus como Senhor e companheiro dessa caminhada.