Um Evangelho Vivo Para Um Tempo Novo
(3.1/2 - Aplicação)
IV. APLICAÇÃO
"Em Lc
5:39, o Senhor Jesus nos diz que as pessoas, muitas vezes, preferem os velhos
padrões como maneira aceitável de fazer as coisas, a ter que enfrentar a
inevitável mudança do futuro. O vinho velho tem melhor sabor; mas o velho vai
acabar e pessoalmente nós o guardamos em quantidades cada vez menores até que o
terminamos completamente. O Nosso Senhor aconselha-nos a desenvolver sempre o
gosto pelo vinho novo em odres novos. A essência do evangelho ("vinho")
permanece a mesma, mas o modo em que é acondicionada e oferecida
("odres") mudará com o tempo e lugar" (Family Matters, p. 57).
Pensar
nestas coisas faz minha mente "viajar" aos anos 1825 -1830 no Reino
Unido e pensar sobre um grupo de irmãos (quase todos com menos de 30 anos) que
ousou mudar a forma de reunir e apresentar o Evangelho à sua geração.
Esclarecidos pela Palavra de Deus eles abandonaram as tradições vigentes nos
seus dias e iniciaram algo totalmente novo. Por isso aqueles jovens foram
taxados de revolucionários, de hereges e foram acusados de estarem quebrando os
costumes estabelecidos e aceitos pelos líderes cristãos da sua época. Foi este
grupo que iniciou o que ficou mundialmente conhecido como o Movimento dos
Irmãos, grupo do qual somos, por assim dizer, descendentes.
A sua
influência foi tão grande que, em poucos anos, os princípios que eles
redescobriram na Palavra de Deus revolucionaram não somente o seu país, mas
também a muitos outros. Não muito tempo depois de iniciado, o Movimento dos
Irmãos já tinha cerca de 3.000 missionários espalhados pelo mundo. Esta,
querido leitor, foi, sem a menor sombra de dúvidas, uma inovação abençoada por
Deus.
Com tal pano
de fundo histórico, com tal herança histórica é de se estranhar que em muitas
"Casas de Oração" os jovens sempre sejam vistos com desconfiança. Em
algumas delas eles se foram (ou foram "idos"), pois não aceitando
mais as tradições não bíblicas não encontram um ambiente saudável para o seu
desenvolvimento espiritual. Um obreiro em tempo integral disse: "Foi a
inquietação com respeito à rígida estrutura e frieza de espírito que levaram os
Irmãos iniciais a romperem com os movimentos existentes. É a inquietação com
respeito a nossa tradicional estrutura e nosso espírito frio que está fazendo muitos
de nossos jovens desaparecerem" (Family Matters, p. 35).
Antes de
continuar, preciso dizer que a mudança à qual me refiro não é quanto ao
conteúdo do que nos foi legado. Este conteúdo é bíblico e precisa ser
preservado e, em alguns aspectos, precisa até mesmo ser resgatado. O que me
refiro é a forma com apresentamos este conteúdo.
Uma vez
estive em uma igreja e observei a pessoa que dirigiu o período de cânticos
estava nitidamente imitando um dirigente de louvor de uma destas novas
"Comunidades Evangélicas" carismáticas que proliferam nos grandes
centros. Ora, isto não pode ser considerado uma mudança necessária, mas sim uma
simples imitação. Mudanças, quando necessárias, são bem vindas, mas macaquices
não! Se aquelas podem trazer algum proveito, estas para nada ou para muito
pouco servem.
Alguns dos
missionários estrangeiros que vieram começar o trabalho dos Irmãos aqui no
Brasil (todos eles já partiram para a glória) trouxeram consigo costumes e
preconceitos culturais que não eram necessários à pregação do Evangelho.
Faltou-lhes sensibilidade quanto à nossa cultura e costumes. Eles viam com
certa desconfiança o nosso jeito de ser, nossa alegria, nossa espontaneidade
etc. Poderíamos tomar como exemplo disso o estilo musical europeu que eles
trouxeram. Em alguns lugares ele é tido como o único estilo aceito para entoar
louvores a Deus e como o único tipo de cântico que Deus aceita. Sei que estou
mexendo em um ponto nevrálgico, mas não vou me furtar de expor a verdade acerca
deste assunto para assim exemplificar a questão da forma e conteúdo. O que
muitos desconhecem é que em nossas reuniões cantamos algumas melodias que foram
compostas por pessoas incrédulas. Cantamos a música do hino nacional de pelo
menos dois países europeus e até mesmo melodia de músicas folclóricas de alguns
países estrangeiros. Mas como elas estão na forma (odres) que nos acostumamos e
achamos certa são largamente aceitas. Então eu pergunto: o simples fato de
terem sido compostas por europeus e nos padrões europeus as tornam sacras, ou
como algumas afirmam, inspiradas?
Pessoalmente
não tenho nada contra os tais hinos e canto-os com grande prazer para louvar ao
Senhor. Aliás, um dos meus preferidos se encaixa no exemplo acima e sua melodia
foi composta para expressar o amor entre dois seres humanos. Também não acho
que devemos fazer uma "caça às bruxas" e eliminar do hinário estes
hinos. Pelo contrário, creio que eles e outros são uma preciosa herança que
devemos preservar, pois fazem parte da nossa história. Não podemos e nem devemos
descartá-los! O que não podemos é dizer que somente as músicas e letras
contidas neles são aceitas por Deus. Nesta área, como em muitas outras, há sim
lugar para o novo. Ainda hoje alguém pode compor um cântico com uma melodia que
não se encaixe nos padrões europeus e este cântico pode ser usado para louvar a
Deus da mesma forma que os antigos.
Imagem da Internet;
Video do Youtube; http://www.jabesmar.com.br/index.php/evangelismo/42-um-evangelho-vivo-para-um-tempo-novo
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