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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Um Evangelho Vivo Para Um Tempo Novo (3.1/2 - Aplicação) Escrito por Jabesmar A. Guimarães

Um Evangelho Vivo Para Um Tempo Novo

(3.1/2 - Aplicação)



IV. APLICAÇÃO         
"Em Lc 5:39, o Senhor Jesus nos diz que as pessoas, muitas vezes, preferem os velhos padrões como maneira aceitável de fazer as coisas, a ter que enfrentar a inevitável mudança do futuro. O vinho velho tem melhor sabor; mas o velho vai acabar e pessoalmente nós o guardamos em quantidades cada vez menores até que o terminamos completamente. O Nosso Senhor aconselha-nos a desenvolver sempre o gosto pelo vinho novo em odres novos. A essência do evangelho ("vinho") permanece a mesma, mas o modo em que é acondicionada e oferecida ("odres") mudará com o tempo e lugar" (Family Matters, p. 57).
Pensar nestas coisas faz minha mente "viajar" aos anos 1825 -1830 no Reino Unido e pensar sobre um grupo de irmãos (quase todos com menos de 30 anos) que ousou mudar a forma de reunir e apresentar o Evangelho à sua geração. Esclarecidos pela Palavra de Deus eles abandonaram as tradições vigentes nos seus dias e iniciaram algo totalmente novo. Por isso aqueles jovens foram taxados de revolucionários, de hereges e foram acusados de estarem quebrando os costumes estabelecidos e aceitos pelos líderes cristãos da sua época. Foi este grupo que iniciou o que ficou mundialmente conhecido como o Movimento dos Irmãos, grupo do qual somos, por assim dizer, descendentes.
A sua influência foi tão grande que, em poucos anos, os princípios que eles redescobriram na Palavra de Deus revolucionaram não somente o seu país, mas também a muitos outros. Não muito tempo depois de iniciado, o Movimento dos Irmãos já tinha cerca de 3.000 missionários espalhados pelo mundo. Esta, querido leitor, foi, sem a menor sombra de dúvidas, uma inovação abençoada por Deus.
Com tal pano de fundo histórico, com tal herança histórica é de se estranhar que em muitas "Casas de Oração" os jovens sempre sejam vistos com desconfiança. Em algumas delas eles se foram (ou foram "idos"), pois não aceitando mais as tradições não bíblicas não encontram um ambiente saudável para o seu desenvolvimento espiritual. Um obreiro em tempo integral disse: "Foi a inquietação com respeito à rígida estrutura e frieza de espírito que levaram os Irmãos iniciais a romperem com os movimentos existentes. É a inquietação com respeito a nossa tradicional estrutura e nosso espírito frio que está fazendo muitos de nossos jovens desaparecerem" (Family Matters, p. 35).
Antes de continuar, preciso dizer que a mudança à qual me refiro não é quanto ao conteúdo do que nos foi legado. Este conteúdo é bíblico e precisa ser preservado e, em alguns aspectos, precisa até mesmo ser resgatado. O que me refiro é a forma com apresentamos este conteúdo.
Uma vez estive em uma igreja e observei a pessoa que dirigiu o período de cânticos estava nitidamente imitando um dirigente de louvor de uma destas novas "Comunidades Evangélicas" carismáticas que proliferam nos grandes centros. Ora, isto não pode ser considerado uma mudança necessária, mas sim uma simples imitação. Mudanças, quando necessárias, são bem vindas, mas macaquices não! Se aquelas podem trazer algum proveito, estas para nada ou para muito pouco servem.
Alguns dos missionários estrangeiros que vieram começar o trabalho dos Irmãos aqui no Brasil (todos eles já partiram para a glória) trouxeram consigo costumes e preconceitos culturais que não eram necessários à pregação do Evangelho. Faltou-lhes sensibilidade quanto à nossa cultura e costumes. Eles viam com certa desconfiança o nosso jeito de ser, nossa alegria, nossa espontaneidade etc. Poderíamos tomar como exemplo disso o estilo musical europeu que eles trouxeram. Em alguns lugares ele é tido como o único estilo aceito para entoar louvores a Deus e como o único tipo de cântico que Deus aceita. Sei que estou mexendo em um ponto nevrálgico, mas não vou me furtar de expor a verdade acerca deste assunto para assim exemplificar a questão da forma e conteúdo. O que muitos desconhecem é que em nossas reuniões cantamos algumas melodias que foram compostas por pessoas incrédulas. Cantamos a música do hino nacional de pelo menos dois países europeus e até mesmo melodia de músicas folclóricas de alguns países estrangeiros. Mas como elas estão na forma (odres) que nos acostumamos e achamos certa são largamente aceitas. Então eu pergunto: o simples fato de terem sido compostas por europeus e nos padrões europeus as tornam sacras, ou como algumas afirmam, inspiradas?
Pessoalmente não tenho nada contra os tais hinos e canto-os com grande prazer para louvar ao Senhor. Aliás, um dos meus preferidos se encaixa no exemplo acima e sua melodia foi composta para expressar o amor entre dois seres humanos. Também não acho que devemos fazer uma "caça às bruxas" e eliminar do hinário estes hinos. Pelo contrário, creio que eles e outros são uma preciosa herança que devemos preservar, pois fazem parte da nossa história. Não podemos e nem devemos descartá-los! O que não podemos é dizer que somente as músicas e letras contidas neles são aceitas por Deus. Nesta área, como em muitas outras, há sim lugar para o novo. Ainda hoje alguém pode compor um cântico com uma melodia que não se encaixe nos padrões europeus e este cântico pode ser usado para louvar a Deus da mesma forma que os antigos.

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