Prova e Providência.
Por
Adilson G. Routh
Então disse Deus: "Tome seu filho, seu único filho,
Isaque, a quem você ama, e vá para a região de Moriá. Sacrifique-o ali como
holocausto num dos montes que lhe indicarei". (Gêneses 22:2)
Já havia se passado em torno de vinte e cinco anos
do nascimento de Isaque, a vida familiar de Abraão parecia perfeita, ele gozava
da comunhão com Deus, com sua esposa e seu filho, o futuro parecia promissor,
pois, tudo o que Deus havia prometido agora estava se concretizando. Nesse
ambiente de relativa calma Abraão é surpreendido por uma ordem de Deus, ele
deveria sacrificar a Isaque como holocausto. Não sabemos o turbilhão de
pensamentos e questionamentos que passou pela mente de Abraão, pois isso
parecia desproposital, Isaque daria
segmento a sua descendência e o sacrifício seria o fim dessa expectativa.
Contudo, parece que Deus resolveu não só por Abraão à prova como também usá-lo
como exemplo ilustrativo do que Ele próprio faria ao entregar seu único filho
Jesus Cristo em sacrifício pelo mundo. Os sentimentos conflitantes de Abraão
ilustram de maneira tênue o coração de Deus durante a crucificação, onde as
trevas cobriram a terra e o Senhor exclamou: “Pai por que me abandonaste?”.
A prova parecia dura demais, ir contra
o próprio instinto paterno por obediência e amor a Deus, mas o entendimento de
que o verdadeiro amor se doa e doa o melhor que possamos ter , tomou vulto na
atitude de Abraão.
Da decisão de sacrificar
Isaque até o monte Moriá havia uma jornada de três dias, tempo suficiente para
que Abraão reconsiderasse sua decisão, contudo ao avistar o monte continua
firme em sua obediência. Para trás ficaram os servos, somente Isaque e Abraão
seguiam pelo caminho levando os preparativos para o holocausto, até que Isaque
se dá conta de que algo faltava: “onde
está o cordeiro para o holocausto?” indaga a seu pai, e na resposta de
Abraão percebemos a fé de um homem que de fato confiava por conhecer a Deus: “O Senhor, proverá para si o cordeiro”,
a própria Carta aos Hebreus declara que Abraão cria que Deus era poderoso para
ressuscitá-lo (Hb 11.9). Parece que a dúvida que levou Adão e Eva à queda, não
fazia mais parte da personalidade de Abrão, por amar a Deus ele sabia que Ele
interviria miraculosamente se fosse necessário, e que o melhor estaria em
obedecer. A concretização dessa confiança se dá na descrição dos fatos: Ao
chegar ao monte prepara o altar, coloca a lenha e sobre ela amarra a Isaque, e
ao levantar o cutelo para imolá-lo concretiza sua atitude de fé, assim Deus o
impede de fazê-lo, pois, a prova já havia passado e ele acabara aprovado.
Imediatamente Abraão vê um carneiro enroscado pelo chifre, o holocausto estava
providenciado, e ambos, Abraão e Isaque puderam adorar a Deus. Com toda a
certeza não só Abraão passou por um teste, como o próprio Isaque também teve
sua aprovação, assim, aquela adoração foi especialíssima para ambos, pois, a
experiência que parecia de morte, transformou-se numa celebração da vida e da
providência de Deus em meio à prova. A
confiança em Deus também seria perpetuada na vida de Isaque por meio dessa experiência,
sua missão de reproduzir o caráter de seu pai havia começado bem. A atitude de
Abraão consolidou a aliança que Deus fizera com ele, pois o Senhor disse: "Juro por
mim mesmo", declara o Senhor, "que por ter feito o que fez, não me
negando seu filho, o seu único filho, Gênesis 22:16 esteja
certo de que o abençoarei e farei seus descendentes tão numerosos como as
estrelas do céu e como a areia das praias do mar. Sua descendência conquistará
as cidades dos que lhe forem inimigos e, por meio dela, todos povos da terra
serão abençoados, porque você me obedeceu". Gênesis 22:17,18. Pois apesar da aliança
ter sido incondicional ela deveria ser vivida por meio da fé, e nessa atitude
Abraão mostrou a maturidade necessária para vivê-la, assim o Senhor ratifica a
Aliança.
Obedecer a uma ordem
expressa de Deus pode se transformar em uma prova para o coração vacilante,
principalmente quando confrontado pelo mundo caído. No ambiente secular, onde
os valores de Deus são desprezados, muitas vezes seremos coagidos a
desobedecer, pois na busca pelo lucro, pelo poder e pelo prazer, os homens se
obrigam a desobediência coagindo os que estão a sua volta a segui-los. A
experiência de Abraão mostra-nos que para se obedecer é necessário se ter um
coração que ama a Deus acima de tudo, e nesse amor aguardar que Ele intervenha
se for necessário durante nossa obediência, pois se Deus é poderoso para até
mesmo ressuscitar mortos, quanto mais para providenciar escape enquanto
obedecemos. No final, que cada um de nós encontre a aprovação do Senhor diante
das provas, para que possamos também celebrar sua providência em nossa vida.
Considere:
1.
A determinação em obedecer dependerá do seu
amor a Deus, sem isso a obediência pode se transformar em obrigação enfadonha,
deixando assim de ser obediência.
2.
Nutra
um tempo a sós com Deus, daí brotará a força para sua obediência.
3.
Confie
de que a providencia virá mesmo que ainda não a enxergue, Deus é Senhor dos
escapes.
Obrigado, Pastor! Mais um texto com alto nível de sensibilidade e percepção. "Prova e Providência". Dois termos juntos que revela bem o nosso dia a dia no deserto! (Isidro)
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