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segunda-feira, 27 de março de 2017

Prova e Providência


Prova e Providência.

Por


Adilson
    G. Routh

Então disse Deus: "Tome seu filho, seu único filho, Isaque, a quem você ama, e vá para a região de Moriá. Sacrifique-o ali como holocausto num dos montes que lhe indicarei". (Gêneses 22:2)

      Já havia se passado em torno de vinte e cinco anos do nascimento de Isaque, a vida familiar de Abraão parecia perfeita, ele gozava da comunhão com Deus, com sua esposa e seu filho, o futuro parecia promissor, pois, tudo o que Deus havia prometido agora estava se concretizando. Nesse ambiente de relativa calma Abraão é surpreendido por uma ordem de Deus, ele deveria sacrificar a Isaque como holocausto. Não sabemos o turbilhão de pensamentos e questionamentos que passou pela mente de Abraão, pois isso parecia desproposital,  Isaque daria segmento a sua descendência e o sacrifício seria o fim dessa expectativa. Contudo, parece que Deus resolveu não só por Abraão à prova como também usá-lo como exemplo ilustrativo do que Ele próprio faria ao entregar seu único filho Jesus Cristo em sacrifício pelo mundo. Os sentimentos conflitantes de Abraão ilustram de maneira tênue o coração de Deus durante a crucificação, onde as trevas cobriram a terra e o Senhor exclamou: “Pai por que me abandonaste?”.   A prova parecia dura demais, ir contra o próprio instinto paterno por obediência e amor a Deus, mas o entendimento de que o verdadeiro amor se doa e doa o melhor que possamos ter , tomou vulto na atitude de Abraão.

         Da decisão de sacrificar Isaque até o monte Moriá havia uma jornada de três dias, tempo suficiente para que Abraão reconsiderasse sua decisão, contudo ao avistar o monte continua firme em sua obediência. Para trás ficaram os servos, somente Isaque e Abraão seguiam pelo caminho levando os preparativos para o holocausto, até que Isaque se dá conta de que algo faltava: “onde está o cordeiro para o holocausto?” indaga a seu pai, e na resposta de Abraão percebemos a fé de um homem que de fato confiava por conhecer a Deus: “O Senhor, proverá para si o cordeiro”, a própria Carta aos Hebreus declara que Abraão cria que Deus era poderoso para ressuscitá-lo (Hb 11.9). Parece que a dúvida que levou Adão e Eva à queda, não fazia mais parte da personalidade de Abrão, por amar a Deus ele sabia que Ele interviria miraculosamente se fosse necessário, e que o melhor estaria em obedecer. A concretização dessa confiança se dá na descrição dos fatos: Ao chegar ao monte prepara o altar, coloca a lenha e sobre ela amarra a Isaque, e ao levantar o cutelo para imolá-lo concretiza sua atitude de fé, assim Deus o impede de fazê-lo, pois, a prova já havia passado e ele acabara aprovado. Imediatamente Abraão vê um carneiro enroscado pelo chifre, o holocausto estava providenciado, e ambos, Abraão e Isaque puderam adorar a Deus. Com toda a certeza não só Abraão passou por um teste, como o próprio Isaque também teve sua aprovação, assim, aquela adoração foi especialíssima para ambos, pois, a experiência que parecia de morte, transformou-se numa celebração da vida e da providência de Deus em meio à prova.  A confiança em Deus também seria perpetuada na vida de Isaque por meio dessa experiência, sua missão de reproduzir o caráter de seu pai havia começado bem. A atitude de Abraão consolidou a aliança que Deus fizera com ele, pois o Senhor disse:  "Juro por mim mesmo", declara o Senhor, "que por ter feito o que fez, não me negando seu filho, o seu único filho, Gênesis 22:16  esteja certo de que o abençoarei e farei seus descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e como a areia das praias do mar. Sua descendência conquistará as cidades dos que lhe forem inimigos e, por meio dela, todos povos da terra serão abençoados, porque você me obedeceu". Gênesis 22:17,18. Pois apesar da aliança ter sido incondicional ela deveria ser vivida por meio da fé, e nessa atitude Abraão mostrou a maturidade necessária para vivê-la, assim o Senhor ratifica a Aliança.

         Obedecer a uma ordem expressa de Deus pode se transformar em uma prova para o coração vacilante, principalmente quando confrontado pelo mundo caído. No ambiente secular, onde os valores de Deus são desprezados, muitas vezes seremos coagidos a desobedecer, pois na busca pelo lucro, pelo poder e pelo prazer, os homens se obrigam a desobediência coagindo os que estão a sua volta a segui-los. A experiência de Abraão mostra-nos que para se obedecer é necessário se ter um coração que ama a Deus acima de tudo, e nesse amor aguardar que Ele intervenha se for necessário durante nossa obediência, pois se Deus é poderoso para até mesmo ressuscitar mortos, quanto mais para providenciar escape enquanto obedecemos. No final, que cada um de nós encontre a aprovação do Senhor diante das provas, para que possamos também celebrar sua providência em nossa vida.

         Considere:
1.                A determinação em obedecer dependerá do seu amor a Deus, sem isso a obediência pode se transformar em obrigação enfadonha, deixando assim de ser obediência.
2.                Nutra um tempo a sós com Deus, daí brotará a força para sua obediência.
3.                Confie de que a providencia virá mesmo que ainda não a enxergue, Deus é Senhor dos escapes.

Um comentário:

  1. Obrigado, Pastor! Mais um texto com alto nível de sensibilidade e percepção. "Prova e Providência". Dois termos juntos que revela bem o nosso dia a dia no deserto! (Isidro)

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