Comportamento Humano
Por
Natércia de Freitas Lemos
“Não vos sobreveio tentação que não fosse
humana; mas Deus é fiel, e não permitirá que sejais tentados além das vossas
forças; pelo contrário, juntamente com a tentação vos proverá livramento, de
sorte que a possais suportar” (1Co 10.13).
Um alerta sobre a abordagem do comportamento humano pela
psiquiatria moderna.
O comportamento é idealizado,
ou seja, um determinado desempenho que se espera das pessoas em qualquer área
ou situação da vida. Espera-se que um aluno seja estudioso e cumpridor dos seus
deveres; que um filho seja respeitador e honre aos seus pais; que um
funcionário seja pontual e cumpra suas tarefas com garra; que os crentes amem
uns aos outros como Jesus ordenou, etc.
Um comportamento ruim
(e, às vezes, reincidente), leva as pessoas a tomarem medidas em busca de
ajuda, de soluções. E existem várias disponíveis. Hoje vamos abordar a
biopsiquiatria. Atualmente a medicina tem proporcionado uma melhora na
qualidade de vida, através de medicamentos ou tratamentos alternativos. As boas
notícias da indústria farmacêutica, trouxeram junto os novos “culpados” pelos
transtornos do comportamento: ou o problema é genético ou pode ser uma desordem
química do organismo.
Tudo se reduz
ao funcionamento do corpo. Não há um aspecto espiritual, apenas matéria. Nem
mesmo se considera a ideia de que o homem vive perante Deus. Quando a matéria
está ‘normal’, tudo está bem e a intervenção médica não é necessária.
Entretanto, quando os padrões ou comportamentos biológicos estão ‘anormais’, então
há uma doença. A palavra doença
implica que a responsabilidade pessoal fica diminuída ou ausente e também que a
medicina é o ‘provedor de serviços’ exclusivo.[1]
A
responsabilidade pessoal diminuiu e justificou-se em formas de doenças. É claro
que existem problemas orgânicos que podem refletir na dimensão psicossocial e
até deixar as pessoas mais susceptíveis ao pecado. Por exemplo, problemas
hormonais, da tireoide, menopausa, etc. Também existem doenças cerebrais que de
fato alteram o comportamento, como Alzheimer, Parkinson, demências, autismo,
etc. Entretanto, nenhuma doença, distúrbio hormonal ou problema genético, pode
induzir uma pessoa a pecar.
O
entendimento intelectual faz parte da fé e mesmo as pessoas com doenças
cerebrais possuem sensibilidade moral. Até os deficientes podem ter bons
comportamentos. Eles podem conhecer a Deus, responder a ele e ter o
conhecimento do bem e do mal. Isso é uma bênção! Segundo Welch, “podemos
refletir a luz de Cristo até quando nosso cérebro ou outros órgãos não estejam
sãos, e sim, enfermos”[2].
O cérebro pode causar algunas debilidades
(dificuldades de fala, por exemplo), pensamentos desorganizados e até
alucinações, mas não pode causar o pecado (por exemplo, homosexualismo, alcoolismo
ou outros vícios). Não se pode responsabilizar uma enfermidade ou a genética
pelo pecado pessoal. Cada ser humano é único em suas lutas e seus problemas, e
se conduzidos ao Senhor, poderão viver uma vida estável e saudável mesmo que
tenham algumas restrições físicas. Que esperança gloriosa! É muito cômodo
pensar em ausência de responsabilidade e transferir culpa daquilo que é de
ordem moral.
As pessoas estão se iludindo e querendo
acreditar que são constituídas apenas de uma parte material, e que é possível,
pelos avanços da medicina, consertar aquilo que não está funcionando bem nelas
mesmas. Powlison ainda faz um alerta alarmante, dizendo que este modo de pensar
se faz presente na comunidade cristã atual:
A igreja já
está sendo afetada pelo sistema de valores e prática da biopsiquiatria. Se algo
está estragado, ou se apenas não está funcionando com excelência, pode ser
consertado de fora para dentro por uma droga psicotrópica: melhora da qualidade
de vida pela química. [...] Tanto nos bancos da igreja como no púlpito, muitos
estão debaixo do efeito de drogas que alteram a mente, o humor e o
comportamento.[3]
É claro que há o lado bom no avanço da medicina, pois
doenças estão sendo curadas. A Bíblia não contraria a medicina. Não é uma
questão de espiritualizar e nem de reduzir. Aquilo que pode e deve ser tratado,
que o seja. Porém o ser humano não é só corpo e algumas doenças podem não ter
origem fisiológica.
Todas os problemas comportamentais continuam encontrando
respaldo bíblico para serem tratados e possíveis causas orgânicas devem ser
investigadas. A graça comum de
Deus atua em benefício da sua criação utilizando os recursos da própria
medicina. Entretanto o cérebro não pode controlar a alma através de alterações
químicas. Na maioria dos casos em que uma pessoa apresente uma doença
psiquiátrica e esteja, até mesmo, sob uso de fortes medicamentos, ela continuará
responsável por si. “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus
é fiel, e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo
contrário, juntamente com a tentação vos proverá livramento, de sorte que a
possais suportar” (1Co 10.13).
Responda para si mesmo (a): Você tem compreendido suas responsabilidades de
comportamento? Entende que é moralmente responsável por tudo o que faz? Que
mesmo distúrbios diversos não tira sua responsabilidade com as leis morais de
Deus, que iras prestar contas a Ele? Se você entende isso, é totalmente
responsável. Fale com Deus em oração e
coloque diante dEle sua vida e clame com sincero arrependimento e quebrantamento
as transformações poderosas dEle para a sua vida .
[1]WELCH,
Edward T. Pecado ou Doença? O aconselhamento bíblico e o modelo médico. Coletâneas
de Aconselhamento Bíblico. Vol
4. Atibaia-SP: Seminário Bíblico Palavra da Vida, 2005, p. 18.
[2] WELCH, Edward T. Blame It On The Brain: Distinguishing
Chemical Imbalances, Brain Disorders, and Disobedience. Publishing.
Phillipsburg, New Jersey, 1998.
[3] Id. Uma Nova Visão.
Tradução de Elizabeth Gomes. São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 22
Muito boa a abordagem, nos dias atuais não só as drogas substituem a responsabilidade humana, como a própria condição social é álibi para todo tido de depravação e comportamentos inaceitáveis Aguardando o próximo post!! Essa é minha irmã gêmea!!!! (Adilson)
ResponderExcluirServa Natércia, parabéns pela coragem de confrontar com as Escrituras Sagradas questões tão complexas da psiquê humana e suas expressões comportamentais. Há tantos querendo se esconder por trás de distúrbios diversos, e até imagino, que aja alguma influência em algum comportamento, mas Deus é o nosso principal juiz e conhece tais limites... cabe-nos focar nossa própria responsabilidade pessoal como padrão de convivência. (Isidro)
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